11 de novembro de 2009

Algumas vezes passeavam de mãos dadas pela noite, conversando sobre Sartre ou Levi-Strauss. Ou qualquer outra coisa. Depois, silêncio. Um comentário ou outro. Descobririam que mais importante do que as palavras era o convívio.

14 de julho de 2009

um livro como testemunha... um encontro furtivo. Os olhares não se deixam enganar e as mãos sempre sabem mais do que aparentam...

30 de junho de 2009

Um casal. Conversa de casal. O tempo presente, esticado ao máximo. Certas coisas, certas conversas, certos olhores e algumas sensações boas, deveriam durar para sempre...

30 de maio de 2009

Caminho pela cidade em busca de outro lugar, pleno feito o céu no sereno sol da manhã...

26 de maio de 2009

Voz Moura do Sinai

(para Paulo Nubile)


Corri
trôpego, trêmulo
em frente
somente o “fog”


Arabischer Tanz
saindo
de alguma janela distante

Tschaikowsky à luz do candelabro

Desfiastes
teus pequenos delitos
como prece


ergui as mãos
agradecido por existires

Teatro de sombras

Caminho lento / um retrato em três por quatro / orações a um deus pagão / Caminho etéreo / ao trágico alheio que nos une / e nos reparte ao meio / Caminho incerto / com olhos abertos / Caminho desperto / em busca de uma manhã que seja / uma manhã de sonho e sol

01 - Verbo

vou esperar amanhecer
descer às profundezas d’alma
navegar com fúria calma
clarear horizontes subconscientes
ferir com prazer a própria dor
lobo à procura de amor

02 - Íris

teus olhos dizem tudo

amanheci calmo
deitado em teu colo
e na boca
não há palavras:

teus olhos dizem tudo

03 - Parabólica

balançar uns cabelos
ir de encontro ao tempo
captar de ti um sorriso
qualquer sinal já basta

serás meu grande amor

04 - Telescópio

um olhar
um olhar de desejo
um olhar que seja
teu rosto colado no vidro
e eu sumindo na estrada

05 - Lírico + oblíquo

teus olhos / meus olhos
se cruzam / se medem
se querem / procuram
furtivos estamos perto
certeiros somos um
eu dentro de ti
e esse sorriso oblíquo
lírico / atípico
safado, querendo mais

07 - Cachoeira

sugestivo
teu beijo, tua boca
tua língua

nunca sei ao certo
por onde escorre
a água do banho
quando juntos
desvendamos limites

06 - Vou esperar amanhecer

nem tente entender
claro que serás feliz
sorrirei quando o sol surgir
fugirei sentindo teu faro
serás então brilho raro
na tez da minha manhã
e terás enfim a certeza
na beleza do riso estampado

serei teu grande amor

08 - Miragem

sei que olhando bem
a superfície azul
verás que não estás a sós
teu corpo querendo mais
enquanto o meu torce
para que não seja miragem

09 - Notívago

atravesso noites
não como notívago
mas deslumbrado
com o que tens de bela

11 - Refém

corro de encontro à teia
esse ar de menina
tremor que incendeia
cada vez que me seduzes
torno-me teu
refém

12 - Oráculo

surpreenda-me
quando a noite vir
você, oculta em mistérios
e eu, em seu encalço
tentando decifrar-lhe

mistérios são necessários

10 - Braile

bom mesmo
é percorrer atalhos
sem culpa de nada
ou quase nada a perder
ser nada de ninguém

sem escrituras

o que se escreve
é o que o corpo sente
e não é pouco

Paisagem

por fora meu horizonte exposto / cosmopolita, insaturável / por dentro um lobo faminto / poema do corpo que sinto / para sempre um uivo latente / Estranho aos ouvidos / meu subtexto símbolo & metáfora / Porto de Glasgow em plena Guanabara.

Teatro de Sombras

Caminho lento / um retrato em três por quatro / orações a um deus pagão / Caminho etéreo / ao trágico alheio que nos une / e nos reparte ao meio / Caminho incerto / com olhos abertos / Caminho desperto / em busca de uma manhã que seja / uma manhã de sonho e sol
auto-retrato:
sinto-me estrangeiro
em meu país
com minha arte
em meu próprio corpo
Basta um olhar...
O mundo escancara as portas pelas quais conseguimos passar...
Acho que hoje existe um desgaste em tudo.
E as portas nem são assim mais tão importantes.
Sei lá. Basta um olhar.
Mas... Olhar pra onde?
Tem dias em que nos sentimos eternos, noutros somos breves. Num dia sorrimos, depois silenciamos. O desejo é uma forma externa e nos move sobre o mundo. E o tempo nunca, nunca pára. Nós é quem damos corda.
Um olhar corta o tempo e prenuncia: desejo é vontade de seguir adiante. Folhas/lâminas/ palavras cortam a alma e dilaceram o coração. Siga em frente. Desvio nos próximos quilômetros.
... o silêncio muitas vezes diz.
O espaço entre as palavras ditas com o olhar, a pausa entre as canções, entre uma batida e outra. Do coração.
O silêncio é feito de palavras.
Pra quem souber ouvir.
...em meio ao caos aparente / gritar liberta a alma / e há sempre alguém que ouve. Pior que o silêncio do outro / é não termos o que falar.
Não existem lembranças ruins...
Alguns dias são bons, outros não. Lembramos com saudade doída de algumas épocas, outras simplesmente excluímos da memória. Viver é sempre complexo, pois envolve emoções. Antes fôssemos máquinas!
Mas... graça está em nos perdermos e nos encontrarmos e assim sucessivamente.
Viver então é não estar pronto nunca!

25 de maio de 2009

Às vezes é preciso fechar os olhos e sentir... Ele saudou a manhã, soltou o verbo e partiu pro mundo.
Era uma vez um filme de amor, ele e ele sempre tentando dar sentido às coisas que acontecem após o "the end".
"Você já reparou a quantidade de gente nos créditos desse filme?" Ele em silêncio aquiesce.
É preciso não esquecer - nunca - que o amor perdura além das salas de cinema.

16 de maio de 2009

No meio daquele filme de ação, ele se deu conta que a vida - muitas vezes - não passa de encenação.

12 de maio de 2009

Depois de certo tempo você sabe que o amor não morreu. Apenas se transformou. Como as estações mudam e flores se renovam. Você finalmente entende que é preciso estar vivo todos os dias. Regar os jardins todos os dias. É preciso que as coisas boas, as pessoas que amamos sejam também cultivadas.
Definitivamente não falamos a mesma língua. Então eu fecho os olhos e você me ama numa língua estranha. Que meu corpo reconhece bem.