15 de dezembro de 2008

Na delicadeza daqueles poemas, ele se torturava com as pontas das palavras. Sua arritmia sempre despertara desejos há muito contidos.
E ele sempre soube.
Ser poeta é habitar furacões.
Lembro-me da foto de uma mãe árabe com o filho morto nos braços , chorando, passando a mão no rosto ensanguentado do filho e passando-a no próprio rosto.
O mundo não precisa de crianças morrendo.
Elas não tiveram o direito da escolha.
O mundo é realmente estranho e assustador.
A prisão (seja ela uma cela, seja ela um portão) tira todo o viço.
Ele, porém, estava preparado para ser livre. Por isso, sua casa não tinha muros e sua vida não tinha limites.

Em meio à trincheira fria e sob a blitzkrieg, ele só pensava num chuveiro quente, na cama quente e uma mulher ao lado.

2 de dezembro de 2008

Em suspenso



Estava na beira do
Grande Abismo
em pé, no escuro.

Ainda não sabia o que iria fazer
Sua única certeza
é que precisava esperar o Sol

Depois disso sim:

- Decidir.